terça-feira, 29 de maio de 2007

Resposta do CONRERP 3ª Região à entrevista publicada no Jornal Mural da UFMG

Prezados Pró-Reitor de Graduação da UFMG Prof. Mauro Mendes Braga, Diretor da Fafich Prof. João Pinto Furtado, comunidade profissional e alunos de Relações Públicas,


Diante das declarações do Coordenador do curso de Comunicação Social da UFMG, Sr. Bruno Leal, ao Jornal Mural de autoria dos alunos do curso, aos quais desde já parabenizamos pelo trabalho apresentado, gostaríamos de esclarecer algumas informações.

A fala do Sr. Coordenador deixou claro o desconhecimento do Colegiado a respeito do papel, das funções e da atuação do Conselho Regional dos Profissionais de Relações Públicas (CONRERP).

Lembramos a todos, repetindo o que já foi dito tanto por este Conselho em outras ocasiões quanto pelo Colegiado na referida entrevista, que o CONRERP nunca obteve uma só linha de esclarecimento em resposta aos Ofícios de Fiscalização enviados desde 2005. Tais ofícios – documentos aliás de natureza muito diferentes de "cartas", como foram chamados pelo representante do Colegiado - foram simplesmente ignorados. Se havia, por parte do Colegiado, alguma impressão de atuação indevida do CONRERP, este por sua vez nunca foi convidado a um diálogo para o entendimento, nem recebeu qualquer informação ou posicionamento.

O Sr. Coordenador afirma que o "CONRERP é um sindicato, não é órgão fiscalizador de Universidade, o órgão fiscalizador da universidade é o MEC ou a vida social".

Equivocado o posicionamento do Sr. Coordenador, conforme será a seguir demonstrado. O CONRERP, ao contrário do entendimento do Sr. Coordenador, não é uma "Associação prevista na legislação brasileira para representação de categoria profissional ou econômica", é sim uma Autarquia Federal dotada de administração autônoma que fiscaliza, orienta, e regulamenta a atividade de Relações Públicas. Portanto é uma autoridade instituída pelos poderes de nosso país. Em outros termos, ele é responsável pela garantia da vigência da lei que regulamenta a profissão, e o faz a partir da fiscalização da prática profissional.

Dentro da legislação que rege o CONRERP, especificamente o Decreto nº 63.283/68, que aprova o regulamento da profissão de Relações Públicas de que trata a lei 5377/67, destacamos o seguinte:

"Art 3º - A profissão de Relações Públicas, observadas as condições previstas neste Regulamento, poderá ser exercida, como atividade liberal assalariada ou de magistério, nas entidades de direito público ou privado, tendo por fim o estudo ou aplicação de técnicas de política social destinada à intercomunicação de indivíduos, instituições ou coletividade." (grifo nosso)

"Art 4º Consideram-se atividades específicas de Relações Públicas as que dizem respeito:
(...)
g) ao ensino de disciplinas específicas ou de técnicas de Relações Públicas, oficialmente estabelecido."


Ao contrário do que afirma o coordenador do colegiado, o CONRERP sabe perfeitamente quais dados precisa solicitar à UFMG nos ofícios enviados. São dados simples, objetivos e bem delimitados nos pedidos, e sobre os quais a estrutura do curso na UFMG ou em qualquer outra instituição não exerce influência.

Ficamos apreensivos com as declarações dadas pelo coordenador do Colegiado no que diz respeito às avaliações negativas feitas pelos MEC e à baixa procura de alunos pela habilitação, argumentos já rebatidos em diversos momentos principalmente pelos próprios alunos que diariamente acompanham e participam da realidade do curso.

Temos conhecimento que o boicote dos alunos de jornalismo à prova imposta pelo MEC foi um dos principais fatores para a má para avaliação do curso recentemente, e por isso consideramos impróprio esse argumento para a discussão sobre a suspensão do Curso de Relações Públicas como forma de resolver este problema. Quanto à baixa participação dos alunos, foi protocolado e entregue ao Pró-Reitor de Graduação Dr. Mauro Mendes abaixo-assinado com o nome de 260 alunos contrários à suspensão do curso. Também profissionais e estudantes de todo o país têm se mobilizado e se manifestado publicamente no mesmo sentido.

Diante disso, se o Colegiado não legitima a participação do CONRERP no processo, pensamos que pelo menos a "vida social" narrada na entrevista, a qual tem o papel de fiscalizadora da universidade, esteja representada de alguma forma. Mesmo assim, da maneira como foi elaborada a proposta de suspensão da habilitação, nos faz crer que no mínimo, não se ouviu a comunidade e sociedade, ENTES absolutamente interessados, portanto entendemos não ter legitimidade.

Ficamos tristes também em sentir na entrevista a desvalorização da qualidade da formação daqueles que estão cursando ou acabaram de se graduar no curso, bem como dos profissionais que lecionam na graduação.

Ainda, ao contrário do que o Coordenador do Colegiado afirma, a UFMG tem sim um curso de Relações Públicas, com seus respectivos professores. A legislação da profissão, na qual o Conselho baseia sua fiscalização, não diferencia a formação em "cursos de Relações Públicas" da formação em "cursos de Comunicação Social com habilitação em Relações Públicas", e o tipo de informação solicitada independe da estrutura do curso. Mais uma vez, a discordância com as solicitações dos Ofícios de Fiscalização somente vem a agravar a questão da completa ausência de retorno sobre os mesmos, que deveriam ser esclarecidos e não ignorados.

Por fim, o Colegiado mostra-se equivocado ao afirmar que o CONRERP "não tem capacidade de falar da perspectiva do curso de graduação" por não ter" formação para isso". Os Conselheiros são todos graduados em Relações Públicas, e inclusive entre eles há graduados recentes pela UFMG. Também nas últimas gestões sempre fizeram parte do quadro de Conselheiros, tanto no Conselho Regional quanto no Federal, profissionais graduados em Relações Públicas pela UFMG, incluindo aí Mestres e professores dessa universidade que ali lecionavam na mesma época, que sempre mantiveram interesse sobre a situação do curso, e que ainda mantêm contato com o Conselho e com diversas outras entidades que tratam do ensino das Relações Públicas.

Não é, nem nunca foi, intenção do CONRERP interferir na estrutura da universidade de qualquer maneira que vá além da nossa competência e possibilidade, tendo em vista a abertura ampla que uma instituição pública deveria ter ao debate e participação dos segmentos da sociedade interessados.

Esta manifestação tem por objetivo não só esclarecer, mas sensibilizar que a manutenção do Curso de Relações Públicas deve acontecer pelos meios certos. E não como vem acontecendo de ser justificada sua suspensão pelos motivos errados.

Att,

Diretoria Executiva do CONRERP 3ª Região


Para compreensão do contexto, segue abaixo, na íntegra, a entrevista do Sr. Bruno Leal divulgada no Jornal Mural, publicação dos alunos do curso de Comunicação Social da UFMG.


Por que suspender Relações Públicas

Na edição passada o Jornal Mural publicou entrevista com o Presidente do Conselho Regional de Relações Públicas (CONRERP) sobre a proposta do Colegiado de Comunicação Social de suspender a habilitação de Relações Públicas na UFMG. Essa semana o jornal Mural entrevistou o coordenador do curso de Comunicação Social, Bruno Leal, sobre a mesma questão.

Jornal Mural: Qual a justificativa para a suspensão da habilitação de Relações Públicas do curso de Comunicação Social da UFMG?

Bruno Leal: Primeiro deve-se verificar que não há habilitação em RP e RTV. Das quatro habilitações, só duas têm peso, carga horária, número de alunos etc, para justificar uma habilitação. As outras duas, RP e RTV, só existem formalmente, são precárias. Temos duas habilitações robustas e duas que se transformaram, na verdade, em áreas de formação para as duas primeiras. Não queremos acabar com duas habilitações, estamos só formalizando a inexistência delas.

Não faz sentido manter essa situação por custo de avaliação interna e externa. Qualquer avaliação externa do curso é ruim. Nós somos sistematicamente mal avaliados pelo MEC e ele quer ver quatro habilitações muito bem estruturadas, com todo o direito, mas isso não existe aqui.

Isso gera um ciclo vicioso. Há 20 anos não temos um número significativo de alunos formando em RP, historicamente é uma habilitação sem demanda. O MEC, os alunos e a reitoria cobram porque só se vêem fragilidades. Mas existe uma formação muito boa no curso, entretanto ela é muito boa nas outras habilitações, não em RP e RTV. RP não tem folgo para ser uma habilitação, mas é uma área de formação muito boa.

JM- Segundo o Presidente do CONRERP, Valdeci Ferreira, desde março de 2005 o colegiado de Comunicação não retorna os contatos da instituição. Por que não houve esse retorno?

BL- Na verdade, acho que não é desde 2005, acho que é desde nunca. Porque o CONRERP mandava uma carta para o Colegiado querendo saber sobre os professores do curso de RP. Não tem. Então, primeiro, o CONRERP, na verdade, não conhece e não procura saber sobre o curso de Comunicação da UFMG, o que faz é mandar uma carta, uma carta que inclusive pede dados inadequados à realidade do curso. E segundo, o CONRERP é um sindicato, não é órgão fiscalizador de universidade, o órgão fiscalizador da universidade é o MEC ou a vida social. Mesmo que, como uma colaboração, o colegiado quisesse mostrar os dados do curso pra CONRERP, os dados que eles pedem não existem porque eles não sabem o que pedir aqui. O CONRERP está no direito de reclamar da suspensão de RP, ele é o órgão defensor de uma classe. Mas ele, primeiro, não tem capacidade de falar da perspectiva do curso de graduação, eles não têm formação pra isso. Segundo, eles não têm meios políticos, econômicos, etc. de interferir na estrutura da universidade.

segunda-feira, 28 de maio de 2007

Trabalhos de RP da UFMG premiados no EXPOCOM

A Expocom Sudeste aconteceu este ano em Juiz de Fora, entre os dias 16 e 18 de maio, e premiou os melhores trabalhos de graduação dos cursos de comunicação social da região sudeste. Ela é ligada à Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação - Intercom, uma das mais respeitadas associações da área no Brasil.

No dia 18 de maio foram anunciados os vencedores da Expocom, e destacamos os trabalhos de RP da UFMG, que participaram e conquistaram duas excelentes posições:

MODALIDADE: Projeto de Assessoria de Comunicação
1º LUGAR: Planejamento de Comunicação no Terceiro Setor, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte

MODALIDADE: Projeto Experimental Empresarial
2º LUGAR: Projeto Trem da Vale: Uma análise do relacionamento com os guias de turismo de Ouro Preto, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte


Vale lembrar que os trabalhos passam por uma série de etapas de classificação, e esta premiação indica uma excelente qualidade na produção.

O Curso de RP na UFMG ensina, forma e forma bem. Tem qualidade e conteúdo, comprovados constantemente, seja pelas premiações, pelos trabalhos desenvolvidos dentro da própria instituição ou inclusive pelo perfil dos egressos. Os argumentos apresentados para sua suspensão até hoje não foram convincentes, e esperamos que todo esse processo se dê de forma justa!

RP na UFMG: eu digo SIM!

quarta-feira, 16 de maio de 2007

Em defesa da habilitação em Relações Públicas

O artigo abaixo foi publicado no Boletim da UFMG, o informativo da universidade. Para acessar o original clique no link http://www.ufmg.br/boletim/bol1577/segunda.shtml
Em defesa da habilitação em Relações Públicas
André Luiz de Oliveira Macedo*

Relações Públicas: “esforço deliberado, planificado, coeso e contínuo da alta administração, para esta-belecer e manter uma compreensão mútua entre uma organização, pública ou privada, e seu pessoal, assim como entre essa organização e todos os grupos aos quais está ligada, direta ou indiretamente”.
Esta é a definição de uma das habilitações ofertadas pelo curso de graduação em Comunicação Social da UFMG. Apesar de sua importância, expressa no verbete acima, comissão formada, em agosto de 2006, por três professores e uma aluna apresentou proposta de sua suspensão, após analisar como ela se organizava. O documento foi apreciado e acatado no Departamento de Comunicação Social e, posteriormente, na Congregação da Fafich. O processo agora tramita na Pró- Reitoria de Graduação.
O relatório apresentado pela comissão expôs, dentre outros fatores, que a habilitação, da forma como é estruturada hoje, depende muito das atividades ofertadas pelas habilitações de Publicidade e Propaganda e Jornalismo e que muitos alunos a buscam como segunda habilitação, após a formação em Publicidade ou Jornalismo. Nesse sentido, a continuidade de estudos não constitui nova formação, mas aprimoramento da habilitação concluída e obtenção de novo diploma.
Os alunos que, à época do relatório já se encontravam mobilizados, hoje se organizam em redes nacionais formadas por profissionais, professores, pesquisadores e entidades que representam a classe, para defender a manutenção da habilitação de Relações Públicas na UFMG.
E por que os discentes se mobilizam e defendem tanto uma habilitação com tão baixa procura? Cerca de 10% dos formandos optam por Relações Públicas. A UFMG é uma universidade pública e, como tal, tem o dever de “devolver” à sociedade tudo aquilo que ela investe por meio de impostos e encargos. E o próprio Estatuto da UFMG diz que “a Universidade constitui-se veículo de desenvolvimento regional, nacional e internacional”.
É neste contexto que as atividades de extensão universitária estão inseridas. Elas têm por meta a interação da universidade com a sociedade, estabelecendo vínculos efetivos com movimentos, demandas e políticas dos diferentes setores sociais. As Relações Públicas, principalmente na UFMG, inserem-se nesse relacionamento com as demandas sociais da população. Três dos maiores programas de extensão da Universidade – Manuelzão, Pólos de Cidadania e Pólo de Integração da UFMG no Vale do Jequitinhonha – envolvem alunos desta área (ou já envolveram, em algum momento) em atividades de promoção socioambiental, inclusão social, emancipação de sujeitos e desenvolvimento regional.
Não faltam motivos para defender a permanência desta habilitação em nossa elenco de graduações. A UFMG é a única instituição pública de ensino superior de Minas Gerais a ofertar o diploma de Relações Públicas. Além disso, a área é reconhecida em várias instâncias de pesquisa e profissionais. Na Capes, por exemplo, as Relações Públicas se enquadram como subárea das Ciências Sociais Aplicadas. A área também tem espaço na Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom), no Núcleo de Pesquisa Relações Públicas e Comunicação Organizacional, além de estar diretamente relacionada aos Núcleos de Pesquisa (NPs) de Políticas e Estratégia de Comunicação e de Comunicação para a Cidadania.
Outra importante instância é a Associação Brasileira de Pesquisadores de Comunicação Organizacional e Relações Públicas (ABRAPCORP), presidida por Margarida Kunsch, expoente maior da pesquisa acadêmica em Relações Públicas e Comunicação Organizacional do país, e que foi fundada em maio de 2006, tendo como elaboradores do estatuto, dentre outros pesquisadores, os professores Maria do Carmo Reis e Márcio Simeone Henriques, da Fafich. A Associação busca promover o intercâmbio entre a academia e mercado e valorizar as atividades das duas áreas – Relações Públicas e Comunicação Organizacional – no ambiente acadêmico e profissional.
Os defensores da suspensão da habilitação propõem a criação de ênfases que norteariam o curso de Comunicação. Dessa forma, poderiam formar jornalistas ou publicitários que dominassem o campo das Relações Públicas, caso esta fosse uma das ênfases escolhidas pelo aluno. Todavia, é importante dizer que qualquer comunicólogo “com os conhecimentos específicos” que exerça a profissão de RP e que não seja diplomado está sujeito às sanções legais previstas no Decreto-Lei 3688/41, art. 47. Isso ocorre porque, dentre as quatro habilitações ofertadas pela Universidade (as outras são Publicidade e Propaganda, Jornalismo e Rádio e TV), Relações Públicas é a única regulamentada por Lei Federal e que conta com conselhos Federal e Regional.
Quanto aos argumentos apresentados no relatório da comissão citada anteriormente, acreditamos que a estrutura de um curso flexibilizado deve expandir possibilidades de experimentação dentro de cada área de formação/habilitação e não restringi-las. Se hoje a habilitação em RP é dependente das outras duas habilitações, por que não fortalecê-la em vez de suspendê- la? Por que não investir em professores e laboratórios?
São por esses motivos que nós, estudantes, nos posicionamos contra a suspensão desta habilitação. Requeremos junto às instâncias da UFMG a realização de debate que nos ajude a traçar diretrizes para a construção de um curso com a excelência característica da UFMG. Suprimir a habilitação de Relações Públicas é sinônimo de regressão. Precisamos expandir horizontes, abrir portas e crescer.
*Estudante do quinto período de Comunicação Social da Fafich

sábado, 12 de maio de 2007

Diretoria da FAFICH

Temos conseguido muitos apoios e um grande avanço nesta campanha. Os e-mails, cartas e manifestos enviados têm sido de grande importância, pois já sabemos que estão chegando ao conhecimento dos responsáveis pelas decisões e estão sendo lidos e protocolados.

Agora contamos com esse esforço de todos novamente. O Dr. Mauro Braga já se pronunciou e deixou clara a necessidade de que essa situação seja trabalhada na própria unidade onde se encontra o curso. Não adianta a Pró-Reitoria votar a favor da habilitação se não houver vontade e compromisso dos gestores diretos do curso em mantê-lo.

Por isso, agora pedimos a todos que enviem suas manifestações a favor da permanência da habilitação diretamente para o e-mail do Diretor da Fafich, o Prof. João Pinto Furtado.

O e-mail é dir@fafich.ufmg.br. Se conseguirmos o mesmo resultado que conseguimos com a Pro-Reitoria de Graduação, estaremos a um passo de garantir a permanência da habilitação!

RP na UFMG: eu digo SIM!

sexta-feira, 11 de maio de 2007

Posicionamento do Conselho Federal de Relações Públicas

O Conferp - Conselho Federal de Relações Públicas, também publicou em seu informativo a carta enviada ao Reitor da UFMG, Ronaldo Tadêu Pena. É mais um importante apoio nessa luta!


CARTA DA PRESIDENTE

Posicionamento do CONFERP sobre a suspensão da Habilitação de Relações Públicas pela UFMG

Magnífico Reitor,

O Conselho Federal de Profissionais de Relações Públicas, CONFERP, recebe a notícia de um possível fechamento da habilitação em Relações Públicas do Curso de Comunicação Social da FAFICH.

Inaceitável tal posicionamento. As razões que abaixo trazemos à apreciação de V. Exa. serão, no entendimento deste Conselho Federal, suficientes para que esta trágica medida não se concretize.

Revendo a memória do CONFERP, encontramos os seguintes fatos:

1° - Nos idos de 1989, tal notícia foi veiculada pela primeira vez. Falava-se, àquela época, que a “medida radical do fechamento do curso de Relações Públicas seria provisória”. O Sistema CONFERP atuou de forma a mostrar à Direção da UFMG que:

a) o curso de RP na Federal era o único ministrado por escola pública Estado de Minas Gerais;

b) era o único curso que, pioneiramente, dava ênfase ao ensino de Relações Públicas para mobilização de comunidades e à formação de profissionais voltados para o segmento da construção da cidadania;

c) já entregara ao mercado profissionais de alta qualificação e, com todos os percalços que enfrentava, ainda formava os melhores profissionais mineiros.

O que parecia uma luta inglória, resultou na continuidade do curso até os dias de hoje. Graças à sensibilidade da direção da UFMG, a utopia pode continuar a ser construída.

2° - A história, tal como nos ensinava Bergson, se repete. Dezoito anos depois, o Sistema CONFERP toma conhecimento de um filme, infelizmente, já visto. E agora, Ilustre Professor, o que salta aos olhos é uma enorme preocupação que podemos resumir na angustiosa pergunta: “Atrás desse fechamento do curso há o quê?”.

3° - Nossa angústia é ainda maior porque vemos nessa absurda hipótese o fechamento de um dos últimos redutos da salvaguarda da profissão de Relações Públicas. A UFMG é o porto seguro no ensino de Relações Públicas com todas as suas nuances, sem que seja falseado o aprendizado acadêmico com os eufêmicos “Comunicação Dirigida”, “Comunicação Corporativa”, “Comunicação Organizacional”, “Comunicação Empresarial” e outras denominações encarregadas de suprimir a essência das Relações Públicas.

4° - Repete-se o filme, Senhor Reitor, com um forte ingrediente: o fechamento de o único curso ministrado por escola pública não é sinal de que há, intencionalmente, o interesse de que a comunicação social seja vista somente sob a ótica do jornalismo e da propaganda?

5° - Os mesmos argumentos de 1989 servem agora. Talvez porque a repetição do gesto – a ameaça de se fechar o curso – seja apresentada sob o falacioso argumento de que “não podemos contratar professores”, então “cortemos o curso”. Mutatis mutandis: “não podemos curar a dor de cabeça. Cortemo-la!”.

6° - Por outro lado, sabemos todos nós, que o provisório no âmbito da administração pública brasileira tende a se transformar em definitivo. O fechamento do curso, mesmo em caráter precário ou provisório, não é medida que se coaduna com a moderna administração pública. Se assim o fosse, seria como se premiar a incompetência.

Colocamo-nos, Senhor Reitor, à disposição de V. Exa. para auxiliar à UFMG na formulação de estratégia que permita a manutenção do Curso de Relações Públicas junto à nossa querida FAFICH.

Quem conhece a vida pessoal de V. Exa., forjada nos ideais cristãos construídos sob a inspiração da cidade mineira de Conselheiro Lafaiete, o seu passado de lutas para galgar o mais alto posto da administração de nossa querida Universidade Federal de Minas Gerais e a ela dar novo cariz, sabe que pode contar com o Ilustre Reitor para a solução desse impasse.

Sabe mais: sabe que sua administração à frente da UFMG é para consolidar a construção da utopia de uma grande universidade pública, plural, democrática e voltada para o bem comum.
O CONFERP aguarda a firme posição de V. Exa. para que o Curso de Relações Públicas da FAFICH/UFMG seja mantido.

Atenciosamente,
Angelina Faria Pereira
Presidente
CONRERP/3ª - 928

quinta-feira, 10 de maio de 2007

Reunião entre Conrerp e Prograd - mensagem do presidente do Conrerp

Prezados Colegas,

Em reunião entre o Conselho de Relações Públicas, representado por mim e pelo Conselheiro Efetivo Wallace Ischaber, e o Dr. Mauro, Pró-reitor da UFMG, no dia 8 de maio, ficou esclarecido o seguinte:

O Processo caminha para a votação, mas é previsto que aconteça no final de junho ou em agosto, após a apresentação do parecer do relator.

Dificilmente, segundo o Pró-reitor, a decisão será diferente do que a Comissão do Colegiado quer.
Precisamos de autoridades nessa área para que possamos conversar com mais conhecimento de causa.

Todos os e-mails de manifestação, cartas, cobertura de mídia, apoios de entidades e Ilustres profissionais estão sendo anexados por meio de protocolo ao Colegiado e ao Relator que analisa o processo e, segundo Dr. Mauro, tal Relator é uma pessoa de fora da Faculdade de Comunicação Social para garantir a lisura e legitimidade da análise.

Os alunos de Relações Públicas entregaram ao Dr. Mauro abaixo assinado com 260 nomes, que foi protocolado ao processo.

A posição da Pró-reitoria e da Reitoria, segundo Dr. Mauro, é de que não existe o desejo de extinguir o curso e tal situação não partiu dessa instância. Inclusive, Dr. Mauro afirmou que foi colocado pela Reitoria o apoio a processos que poderiam reverter o quadro de problemas.

A conversa foi focada em cima de três pontos principais:

Quantidade de Alunos que optam por Relações Públicas:

Apesar de ser das quatro a terceira mais procurada perdendo para Jornalismo em primeiro e Publicidade em segundo e ganhando de RTV apenas, essa diferença não é grande, e pela análise do próprio Pró-reitor não justificaria o argumento. Essa baixa procura apontada pela Comissão talvez seja pelo motivo de não se dar a devida importância à profissão de Relações Públicas nos primeiros períodos na disciplina de responsabilidade de Bruno Leal, Coordenador e membro da Comissão que deseja a extinção, segundo os próprios alunos de Relações Públicas.

Qualidade de ensino:

Outro ponto que foi tratado é a suposição de que a qualidade do ensino é ruim não dando base ao processo de conhecimento. Nesse ponto é de extrema importância que todos saibam que Relações Públicas na UFMG é um dos melhores cursos do país, pelo nível de formação de seus alunos, a demonstração de trabalhos em Fóruns, e a qualidade técnica dos Profissionais que estão registrados em nosso Conselho. Ainda foi apontado que existe uma falta de professores na área de Relações Públicas. Essa falta é pelo claro motivo de não quererem, a mesma comissão e Coordenação que buscam a extinção, que se contrate novos professores através de concurso ou substitutos. Inclusive, a avaliação ruim que o curso de Comunicação Social na UFMG obteve em anos anteriores foi em função da habilitação de Jornalismo e, assim mesmo, por motivos de boicote promovido pelos alunos da UFMG.

Conhecimento sobre a profissão pela Comissão:

O terceiro ponto diz respeito à falta de conhecimento sobre a profissão que a Coordenação e Comissão parecem ter em função de mercado, legislação e crescimento da atividade de Relações Públicas no País e no Mundo.


A forma como a Comissão propõe a reestruturação das disciplinas não dá ao profissional, formado em Comunicação Social na UFMG, o direito de atuação no mercado de trabalho, sobretudo no que diz respeito a concursos públicos na área de Relações Públicas, onde é exigido o registro nos Conselhos Regionais. Bom, com relação ao desconhecimento da lei, pessoalmente, acho que é pouco provável, uma vez que ela é notória e pensando mais claramente, é no desconhecimento nosso que a condição argumentativa dos que querem a extinção ganha força. Em entrevista ao Jornal o Tempo o Sr. Bruno Leal, Coordenador de Comunicação Social da UFMG, diz que existe uma baixa oferta de mercado ao profissional e que o curso não tem meios de melhorar. Novamente consideramos um absurdo as declarações dadas, uma vez que, dentro das habilitações, a que mais tem perspectiva de crescimento é a de Relações Públicas, em torno de 15% ao ano com aumento de salários em torno de 42% previsto entre 2000 a 2010 segundo Paulo Nassar, Presidente da ABERJ, publicado em coluna no Terra Magazine.

Dr. Mauro disse, em suma, que a UFMG é democrática em seus processos, não cabendo à Reitoria e Pró-reitoria, a decisão de manter ou não o Curso de Relações Públicas. O Movimento RP na UFMG deverá procurar a Direção da FAFICH, representada pelo Prof. João Pinto Furtado, para reunião e possível reavaliação do processo.

O Pró-reitor ainda elogiou nosso o Movimento por se tratar de um processo que reivindica objetivos legítimos e com alto grau de respeitabilidade.

Portanto, Nobres Colegas, mandemos e-mails, cartas comunicados ao Prof João Pinto Furtado para demonstrar nosso desejo de diálogo. O e-mail do professor é dir@fafich.ufmg.br.

Temos pouco ou nenhum tempo se não nos mobilizarmos desde já.

Att,

Valdeci Ferreira
Presidente CONRERP 3ª Região

terça-feira, 8 de maio de 2007

Mais um importante apoio: ABRP Nacional

São Paulo, 08 de março de 2007.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

Magnífico Reitor Ronaldo Tadêu Pena

Em nome da Associação Brasileira de Relações Públicas, Nacional, ABRP/Nacional e dos seus Associados, vimos a público repudiar a possibilidade de suspensão da oferta da habilitação Relações Públicas, do curso de Comunicação desta Universidade.

No momento em que a área de Relações Públicas se posiciona cada vez mais positivamente na sociedade globalizada, causa estranheza a atitude da Universidade Federal de Minas Gerais.

Assim, nos manifestamos pela permanência da habilitação.


Atenciosamente

Esnél José Fagundes
Presidente da ABRP/Nacional

Aberje também é a favor da manutenção da habilitação

A Aberje também encaminhou carta ao reitor Ronaldo Tadêu Pena, manifestando-se contra a suspensão da habilitação de Relações Públicas na UFMG, conforme segue abaixo:



São Paulo, dia 07 de maio de 2007


Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG
Magnífico Reitor Ronaldo Tadêu Pena


Magnífico Reitor,

Em nome dos associados e dos Conselhos Deliberativo, Consultivo e Fiscal da Associação Brasileira de Comunicação Empresarial – ABERJE – repudiamos a possibilidade de fechamento do curso de Relações Públicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) a partir do próximo ano.

Dada a importância da área de Relações Públicas no contexto da Comunicação Empresarial em todo o país e internacionalmente, nos manifestamos pela manutenção do curso.


Atenciosamente,

Paulo Nassar
Presidente da ABERJE e Professor Dr. da ECA-USP

segunda-feira, 7 de maio de 2007

Manifesto da Abrapcorp

O manifesto abaixo foi aprovado pelos Sócios da Abrapcorp (Associação Brasileira de Pesquisadores em Comunicação Organizacional e Relações Públicas) , por ocasião do seu primeiro congresso científico, ocorrido entre os dias 03 e 05 de maio na ECA-USP.



MANIFESTO


Professores e Pesquisadores de Comunicação Organizacional e de Relações Públicas, reunidos no I Congresso Brasileiro Científico de Comunicação Organizacional e de Relações Públicas, realizado na Escola de Comunicações e Artes, da Universidade de São Paulo, de 03 a 05 de maio de 2007, vêm a público manifestar sua preocupação com a possibilidade de suspensão da oferta da habilitação “Relações Públicas” do curso de Comunicação Social da Universidade Federal de Minas Gerais, a partir de 2008.

Causa estranheza que tal possibilidade ignore o crescimento exponencial da área de Relações Públicas e de Comunicação Organizacional no país, bem como a inserção, da UFMG neste contexto, tanto em termos de contribuição científica, quanto em relação à formação acadêmico-profissional.

Tal possibilidade se mostra preocupante pelo impacto negativo que possa acarretar, sendo a UFMG a única universidade pública do Estado de Minas Gerais a oferecer esta habilitação. Além disso, a suspensão da habilitação Relações Públicas é incompatível com o papel de uma universidade pública de prestígio reconhecido no ensino, na pesquisa e na extensão.

São Paulo, 04 de maio de 2007.

Assembléia Geral da Associação Brasileira de Pesquisadores em Comunicação Organizacional e Relações Públicas – ABRAPCORP

Margarida Maria Krohling Kunsch
Presidente da ABRAPCORP

Carta do professor Márcio Simeone a seus colegas e alunos

Belo Horizonte, 04 de maio de 2007.

Aos colegas professores do Departamento de Comunicação Social da UFMG
Aos alunos da Habilitação Relações Públicas da UFMG

Em todo o processo de avaliação da formação profissional do Curso de Comunicação Social, que culminou em agosto de 2006 com a elaboração de propostas no âmbito do Curso de Graduação e do Departamento, preferi manter-me reservado e não me manifestar publicamente, nem mesmo nas instâncias onde o relatório de avaliação foi discutido. Tal decisão, entretanto, não se deu somente pelo motivo de estar afastado para fins do meu doutoramento. Ao ser procurado pelo Coordenador do Curso e da Comissão de Avaliação, ainda no primeiro semestre do ano passado, fui por ele informado que a comissão, já com seus trabalhos em andamento, caminhava para uma proposta de suspensão de habilitações e que a comissão gostaria de ter minha opinião. Impossibilitado naquele momento de dispor de tempo para reunir-me com a comissão, prontifiquei-me a conversar com o Coordenador sobre o assunto. Nesta conversa pude ter noção das idéias que a comissão esboçava e deixei, ali, minha posição favorável à estruturação do curso por áreas de formação (ou ênfases) que pudessem guiar uma reforma curricular consistente e, de certa forma, buscar soluções mais inovadoras que conciliem nosso arranjo departamental e as áreas de conhecimento e de formação (promovendo, inclusive, um alinhamento entre a Graduação e a Pós-Graduação).

Reafirmei a minha posição, já conhecida desde quando participei ativamente da construção da proposta do Currículo 2000, que foi embasada em princípios político-pedagógicos aprovados pelo DCS e pelo Curso: a de que devemos transcender as habilitações, ou seja, criar condições para que não nos deixemos guiar essencialmente pela lógica das habilitações. Mas também, com a experiência de atuação de 17 anos em atividades didáticas profissionalizantes, sempre alertei para a dificuldade de simplesmente deixar de habilitar os alunos, tendo em vista persistirem ainda as habilitações tradicionais como referências do exercício profissional, o que poderia causar prejuízos à inserção profissional dos estudantes.

No caso específico da habilitação de Relações Públicas, fiz várias considerações ao Coordenador, para que levasse à Comissão como subsídios para a avaliação que estava em andamento - inclusive ponderando que a avaliação não deveria ser feita sobre uma conjuntura específica e desfavorável que acometeu a habilitação recentemente - e fiz com que soubesse também do meu desconforto, caso estivesse mais uma vez em jogo uma proposta de suspensão da habilitação RP. Isso por motivo bem simples: tal suspensão já havia sido sugerida como resultado de discussões sobre o projeto pedagógico do curso com a implantação da reforma realizada em 2000 e, para mim, seria uma experiência particularmente desagradável, e mesmo dolorosa, ter de, novamente, enfrentar esta situação.

Considero importante retomar, aqui, a memória daquele processo. No primeiro semestre de 2002 fui membro de uma comissão mista Colegiado/DCS de “acompanhamento e avaliação do projeto pedagógico do Curso de Graduação em Comunicação Social ”. Esta comissão apresentou, em julho de 2002, um documento-base sobre as condições de oferta do curso, que foi levada à consideração da Câmara Departamental – que eu também presidia na época – e ao Colegiado. Aquele documento, além de vários problemas relacionados à oferta do novo currículo e às condições do Departamento de fazer frente a novas demandas oriundas da flexibilização curricular, apontava uma preocupação central com a adequação do formato do nosso curso às formas de avaliação que vinham sendo instituídas no âmbito do MEC/INEP. O contexto pedia, de fato, tomada de posição quanto às questões de avaliação externa, uma vez que havíamos passado por experiências negativas, sendo a última delas, uma avaliação específica de uma habilitação apenas: a de Jornalismo. As discussões amplas promovidas com o corpo docente concluíram que a necessidade de expansão imediata do quadro de professores era um empecilho para manter a oferta das quatro habilitações, se considerados os critérios de avaliação externa que então se instalavam. Esta indicação foi incorporada no relatório da comissão de avaliação, da qual eu mesmo fiz parte. Mas o estudo feito pela comissão também recomendava uma reavaliação do número de vagas e da periodização, apontando uma demanda de discussão imediata com a Câmara de Graduação para melhor “definir a relação entre as diretrizes e os padrões de avaliação adotados pelo MEC, a autonomia da UFMG para atender ou não a estes padrões e qual o entendimento da UFMG acerca das exigências apresentadas e a importância do seu cumprimento”. Toda esta discussão estava atrelada, em essência, à pressão exercida pelo problema da avaliação externa e do cumprimento dos padrões de qualidade que, da forma como estavam traduzidos no instrumental então adotado para a avaliação do MEC, inviabilizavam o Curso como um todo.

Dada a sua importância, a situação foi trazida à consideração da Assembléia Departamental, e não apenas da Câmara e do Colegiado. O debate foi intenso e, por que não dizer, penoso. As discussões convergiram de imediato para o ponto da suspensão de habilitações e praticamente ficaram circunscritas a este aspecto constante do relatório. Não houve, no entanto, acordo da Assembléia sobre quantas ou quais habilitações deveriam ser suspensas e sobre a forma como se deveria encaminhar e justificar a proposta. Revelou-se, ali, o quanto o tema é complexo e o quanto as questões relativas à profissionalização são delicadas, interferem em vários interesses diferentes e merecem considerações e análises que não são apenas internas ao Curso e ao nosso Departamento (na qualidade de maior ofertante das suas atividades didáticas).

À parte o mérito da discussão em si, a qual me cabia conduzir e encaminhar, causou-me grande pesar a forma como, uma vez desencadeado o debate mais amplo, a habilitação de RP foi tão negativamente avaliada pelos meus pares, em geral. Causaram-me surpresa e espanto algumas manifestações que demonstravam absoluto desprezo pela habilitação e pela área, desconhecimento do seu significado dentro do Curso e falta de respeito aos professores a ela ligados, aos alunos e aos ex-alunos - um julgamento implacável, não somente sobre a habilitação em si, mas também sobre a área de relações públicas e comunicação organizacional, sua pertinência e sua contribuição. Mesmo assim, pela posição que ocupava, preferi ser discreto, não quis particularizar nenhuma polêmica com alguns colegas e não achei pertinente sair em defesa da habilitação.

Mesmo assim, as discussões levadas a cabo no DCS e no Curso ganharam ampla repercussão externa e, para minha surpresa, alastrou-se rapidamente a informação de que “o Curso de RP da Federal estava fechando”. Comecei a receber manifestações, inclusive uma interpelação do Conselho Federal de Profissionais de Relações Públicas, que cobrava uma resposta oficial da UFMG quanto a isso. A todos procurei informar o que havia de fato: até então, apenas uma indicação. Mas, com isso, uma visão extremamente negativa da habilitação se instalava para além de nosso ambiente interno.Comecei a ouvir, constrangido, no meio profissional e no meio acadêmico da área de RP e comunicação organizacional sobre a falta de qualidade do “Curso de RP da Federal” (e aqui não podemos desconsiderar outros interesses externos em desqualificar o nosso curso como um todo).

Não poderia, portanto, deixar de ver-me diante de uma sensação de fracasso e de incompetência. O que não fazia justiça aos esforços de todos os que, nestes anos, sustentaram esta habilitação. Também não condizia com a nossa inserção acadêmica cada vez maior e mais qualificada nos principais fóruns de RP e Comunicação Organizacional, onde sempre fomos muito considerados e respeitados, nem sequer com o sucesso obtido por nossos ex-alunos no meio profissional.

Naquela época, procurei deixar bem claro que, para mim, a questão de manter ou não a habilitação não se tratava de pura defesa corporativa de uma profissão ou de um espaço pessoal dentro do DCS e do Curso, mesmo reconhecendo que é bastante difícil que qualquer discussão sobre habilitações esteja totalmente isenta das contradições inerentes ao campo de exercício profissional e de impactos importantes sobre o espaço e o ambiente de atuação de cada docente que se dedica a atividades do ciclo profissionalizante. Tenho explicitado com freqüência minhas posições, até mesmo quando exerci a função de Conselheiro do CONRERP e do CONFERP, de que é necessário rever as velhas formas de exercício profissional, reconfigurar a formação e encontrar formas renovadas de atuação, independente das fronteiras artificialmente estabelecidas e nunca fugi aos debates sobre este assunto. Recusei-me, no entanto, a travar discussões que se limitassem exclusivamente a um viés corporativo, por entender que a área das relações públicas não se restringe a uma profissão, mas representa um conjunto de práticas e um fenômeno que não podem ser ignorados quando se produz conhecimento sobre a comunicação. Considero também, que a segregação desses conhecimentos no âmbito de uma habilitação constrange a verdadeira contribuição que os conhecimentos teóricos e práticos de relações públicas pode prestar ao conjunto da área de comunicação. Acredito firmemente, que o grande desafio posto aos cursos de Graduação em Comunicação Social parte da constatação de que as áreas de exercício profissional correspondem cada vez menos às suas habilitações – e aí incluo todas elas, e não somente a de relações públicas. Foi assim que procurei acompanhar com atenção os desdobramentos dos debates em duas frentes: as discussões sobre a reconfiguração dos estatutos profissionais – não só de RP, mas principalmente do Jornalismo – e sobre a avaliação dos Cursos de Graduação. Em relação a este segundo ponto, é preciso que se diga que há mudanças substanciais na forma como os processos de avaliação se construíram desde 2002. Ou seja, estamos hoje vivendo em outro contexto bastante diferente daquele no qual fomos anteriormente avaliados (apenas no Jornalismo, vale lembrar). E, com uma novidade: a inserção de Relações Públicas no ENADE.

É preciso registrar que os debates de 2002 causaram uma movimentação intensa dos estudantes e dos ex-alunos, para os quais as justificativas de suspensão da habilitação de RP causavam perplexidade e não condiziam com sua própria leitura sobre o que era e como funcionava a formação que lhes era – ou fora – oferecida. Procuraram, por diversos meios, explicitar esse desconforto. No entanto, causaram-me ainda maior tristeza manifestações de colegas do DCS que desqualificavam grosseiramente as manifestações dos discentes e, de certo modo, me acusavam de “manobrar” os estudantes contra o indicativo de suspensão. Digo, de coração aberto, que não tomei nenhuma iniciativa neste sentido, nem mesmo de levar o assunto, ainda no nível de uma deliberação preliminar – para qualquer outra instância externa que fosse, como facilmente podem testemunhar os ex-alunos e colegas que acompanharam mais de perto o desenrolar desse processo e com quem, de certo modo, dividi as dificuldades que se apresentavam. Como Chefe do Departamento, respondi a todas as consultas que me foram dirigidas, como seria do meu dever (inclusive oficialmente, como podem comprovar os arquivos da Secretaria do DCS), e procurei minimizar externamente o impacto negativo causado pelo vazamento de notícias que, na verdade, colocavam sobre o fato um acento dramático e despropositado que não atingiam somente a imagem externa da habilitação de RP, mas de todo o curso, com conseqüências nefastas para todos, inclusive para os egressos.

Com tudo isso, senti-me profundamente afetado. Procurei dar um tratamento institucional para esta questão e abstrair os desconfortos pessoais, confiando que as grandes discussões sobre o projeto pedagógico do Curso pudessem ser, mais adiante, retomadas em outras bases. Foi por este motivo que, ao encontrar-me de novo, em 2006, diante de uma proposta de suspensão de habilitações, na conversa com o Coordenador, deixei claro o meu propósito de não me envolver nas discussões, caso a proposta de suspensão caminhasse na direção da habilitação de Relações Públicas.

Não foi uma decisão fácil, mas foi tomada diante da minha limitação pessoal de dar conta de um processo que já havia sido particularmente doloroso e para oqual não me sentia em condições de enfrentar novamente. Manifestei, então, minha confiança no juízo daquela comissão, dos pares e das instâncias às quais caberia deliberar realmente sobre o assunto e entendendo que, mais do que habilitações, áreas ou interesses particulares, o que está em jogo é um projeto coletivo.

Tendo a comissão materializado, de fato, a proposta de suspensão da habilitação de RP, cumpri a palavra dada ao Coordenador. Não procurei esconder de colegas o meu desconforto, mas me eximi de fazer em público considerações específicas sobre o documento e a proposta apresentada, não compareci deliberadamente a nenhuma das reuniões convocadas para discutir o assunto e julguei-me num dever de lealdade institucional e pessoal manifestar algumas poucas considerações e ponderações e justificar minha ausência à Chefe do Departamento. Procurei, mais de uma vez, deixar patente algo que me sinto premido a dizer agora, publicamente:

(1) em nenhum momento dei a quem quer que seja procuração para manifestar ou agir em meu nome contra as propostas em pauta;
(2) em todas as ocasiões em que fui procurado para dizer algo sobre o assunto, limitei-me a registrar minha impossibilidade pessoal de me envolver efetivamente na discussão, deixei claro meu desconforto e meu propósito de não me manifestar sobre o mérito do documento da comissão.

Alguns fatos me compeliram a vir, de público, prestar estes esclarecimentos. Em primeiro lugar porque a tramitação da proposta na instância superior – a Câmara de Graduação – provocou uma intensa mobilização dos estudantes em favor da manutenção da habilitação, o que, para mim, tomou uma dimensão inusitada. Quero deixar claro que tenho procurado guardar distância dessa movimentação e o faço em absoluto respeito às decisões tomadas pelo Departamento e pelo Curso para as quais eu, deliberadamente, pelas razões acima expostas, me eximi de participar.

Faço isso, sem dúvida, a um custo pessoal muito grande, porque não espero que os próprios alunos, ex-alunos e entidades compreendam o meu silêncio e a minha inação. Eles podem perfeitamente tomar minha abstenção apenas como um ato omisso e covarde. Mas não posso deixar que, neste momento, pessoas levantem suspeitas sobre o meu real envolvimento na questão, não posso permitir que usem o meu nome para defender qualquer posição. Por isso tomo a liberdade de falar de peito aberto aos colegas, aos alunos e aos ex-alunos. Neste momento, em especial, por tomar conhecimento de algumas manifestações afetuosas de alunos e ex-alunos que me tocaram profundamente e pela declaração proferida na semana passada, em evento realizado na PUC-MG, pela Profa. Margarida Kunsch (evento ao qual não compareci).

Mais do que uma eventual suspensão da habilitação, para mim está em jogo uma avaliação digna e respeitosa que se faça de um trabalho e de um projeto de formação que sempre foi muito além dos limites dessa habilitação e não foi feito apenas por mim: é fruto do trabalho de todos os professores da área, não apenas os efetivos, como também os substitutos e estagiários docentes, que por aqui passaram, dos monitores de graduação que participaram intensamente desses esforços, da funcionária técnica de Relações Públicas e ainda de todo o conjunto dos meus colegas de DCS, independente das suas áreas e habilitações, porque na UFMG procuramos manter, mesmo com todas as dificuldades, um curso que não fosse compartimentado apenas nos estreitos moldes das habilitações e pudesse dar um aporte teórico mais amplo (o que, para minha satisfação, é sempre ressaltado positivamente pelos nossos ex-alunos, que reconhecem um diferencial que a UFMG lhes proporcionou para galgarem as suas posições profissionais).

Creio que a todos devo uma palavra sincera, mas não seria próprio e tempestivo, portanto, que me manifestasse agora às instâncias formais a quem cabe dar curso ou não à proposta e, por isso, preferi colocar alguns esclarecimentos nesta carta. Se não me apresentei à discussão nos momentos próprios em que poderia ter interferido nos seus rumos, não considero ético fazer qualquer apelo agora, porque simplesmente confiei nos resultados da decisão tomada coletivamente pela maioria e a respeito. Não desejo, com isso, abrir nenhuma polêmica e reafirmo uma postura que, acredito, sempre pautou minha atuação no DCS e no Curso, de zelo pelas suas instâncias deliberativas. Não quero que esta manifestação seja interpretada de modo algum como uma desqualificação das decisões já tomadas ou mesmo particularizar posições, o que acho desagradável e inócuo. É algo que temos que considerar no plano coletivo, muito acima de posições e interesses pessoais, e pensando num futuro comum. Vejo com bons olhos o esforço do Departamento e do Curso de buscar novas soluções, principalmente de construir um novo projeto pedagógico que incorpore as nossas melhores contribuições para uma formação profissionalizante séria e competente. Meu desejo é que as discussões possam ocorrer de forma serena e lúcida, com o respeito que devemos manter ao trabalho e ao esforço dos colegas.


Cordialmente,

Prof. Márcio Simeone Henriques

sexta-feira, 4 de maio de 2007

Notícia em jornal de BH sobre o curso

A seguir, uma reportagem publicada hoje, 04/05/07 no jornal O Tempo (http://www.otempo.com.br/cidades/lerMateria/?idMateria=88190)
"UFMG deve suspender curso de RP
CAROLINA COUTINHO
Duas das quatro habilitações do curso de comunicação social da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) estão ameaçadas de serem suspensas nos próximos anos.
Relações públicas (RP) e rádio e TV (RTV) podem não constar mais na lista de opções dos candidatos ao vestibular 2008, o que desagrada alunos, professores e profissionais das áreas.
A iniciativa da suspensão partiu de uma comissão interna do colegiado do curso, que já aprovou a medida, e pela Congregação da Faculdade de Ciências Humanas (Fafich).
Os próximos passos do processo de definição passarão pela votação na Câmara de Graduação e no Concelho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) da UFMG.
Atualmente, as duas atividades são escolhidas no sétimo período do curso de comunicação, que oferece também as habilitações em jornalismo e publicidade e propaganda.
O coordenador do curso de comunicação social e membro da comissão de suspensão, Bruno Leal, disse que há 20 anos percebe a baixa demanda por essas profissões.
Segundo ele, dos cem alunos que ingressam por ano no curso, 85 a 90 acabam escolhendo jornalismo ou publicidade. Outras justificativas são a impossibilidade de se sustentar com alta qualidade quatro habilitações num mesmo curso.
“Essas duas habilitações têm muitas deficiências e, por isso, não vale a pena dar continuidade a elas. Nas avaliações do MEC o curso sempre perde pontos em função dessas duas áreas”, afirmou Leal. O último argumento é em relação ao mercado de trabalho.
“Na década de 80 esperávamos uma grande necessidade desses profissionais, o que não se confirmou. A demanda não foi comprovada”, disse Leal, que explicou que a suspensão seria, num primeiro momento, de apenas quatro anos.
O estudante do oitavo período de comunicação social Bruno Castro, 23, escolheu se especializar em relações públicas.
Segundo ele, que é um dos organizadores da mobilização em favor da permanência das duas habilitações ameaçadas, a desvalorização desse profissional será grande no mercado de trabalho se a suspensão ocorrer.
O presidente do Conselho Regional de Relações Públicas (Conrerp), Valdeci Ferreira, apóia a mobilização e disse que já conta com apoio do conselho federal. “A extinção desses cursos seria um enfraquecimento da produção de conhecimento”, afirmou."


Comentário:
Lembramos que a baixa procura pelas duas habilitações no curso não é por simples demanda dos alunos. Quando o currículo foi flexibilizado, em 2000, permitindo a formação em duas habilitações, a procura pela habilitação de RP cresceu muito. Somente voltou a se tornar baixa após algum tempo porque os estudantes perceberam o baixo investimento nesta habilitação, que trouxe mais deficiências ao curso. A baixa procura deve ser vista como conseqüência, e não causa dos problemas do curso.
Além disso não concordamos que acabar com uma habilitação seja a solução para a deficiência, que não atinge só as duas habilitações. Acreditamos que antes de se tomar essa atitude seria importante um diálogo mais aberto com os grupos que podem ajudar - os estudantes, ex-alunos, profissionais e entidades que hoje se propõem a contribuir com o Colegiado e a Universidade para sanar os problemas da forma como for possível.

O apoio continua crescendo

Mais um blog está ajudando a divulgar a campanha RP na UFMG: eu digo SIM! é o "RS RP Comunicação", da Relações Públicas Roberta Simon, de Brasília.

Vejam os apoios que já recebemos até agora na internet:

Campanha Nacional de Valorização das RP - http://www.rp-bahia.com.br/campanha/ufmg.htm
Comunica RP - http://comunicarp.wordpress.com/2007/04/27/campanha-rp-na-ufmg/
Conrerp 3ª região - http://www.conrerpmg.org.br/
Grupo MetRóPole - http://br.groups.yahoo.com/group/rpsp/
Grupo Horizonte RP - http://www.horizonterp.com.br/
Oras Blog - http://orasblog.zip.net/
Portal Mundo RP - http://www.mundorp.com.br/
Rede RP - http://rederp.blogspot.com/2007/04/rp-na-ufmg-o-rede-rp-apia.html
RP & Mais - http://rpemais.blig.ig.com.br/
Rpalavreando - http://rpalavreando.blogspot.com/2007/04/em-prol-da-habilitao-de-rp-na-ufmg.html
RS RP Comunicação - http://www.rsrp.blogger.com.br/