quarta-feira, 16 de maio de 2007

Em defesa da habilitação em Relações Públicas

O artigo abaixo foi publicado no Boletim da UFMG, o informativo da universidade. Para acessar o original clique no link http://www.ufmg.br/boletim/bol1577/segunda.shtml
Em defesa da habilitação em Relações Públicas
André Luiz de Oliveira Macedo*

Relações Públicas: “esforço deliberado, planificado, coeso e contínuo da alta administração, para esta-belecer e manter uma compreensão mútua entre uma organização, pública ou privada, e seu pessoal, assim como entre essa organização e todos os grupos aos quais está ligada, direta ou indiretamente”.
Esta é a definição de uma das habilitações ofertadas pelo curso de graduação em Comunicação Social da UFMG. Apesar de sua importância, expressa no verbete acima, comissão formada, em agosto de 2006, por três professores e uma aluna apresentou proposta de sua suspensão, após analisar como ela se organizava. O documento foi apreciado e acatado no Departamento de Comunicação Social e, posteriormente, na Congregação da Fafich. O processo agora tramita na Pró- Reitoria de Graduação.
O relatório apresentado pela comissão expôs, dentre outros fatores, que a habilitação, da forma como é estruturada hoje, depende muito das atividades ofertadas pelas habilitações de Publicidade e Propaganda e Jornalismo e que muitos alunos a buscam como segunda habilitação, após a formação em Publicidade ou Jornalismo. Nesse sentido, a continuidade de estudos não constitui nova formação, mas aprimoramento da habilitação concluída e obtenção de novo diploma.
Os alunos que, à época do relatório já se encontravam mobilizados, hoje se organizam em redes nacionais formadas por profissionais, professores, pesquisadores e entidades que representam a classe, para defender a manutenção da habilitação de Relações Públicas na UFMG.
E por que os discentes se mobilizam e defendem tanto uma habilitação com tão baixa procura? Cerca de 10% dos formandos optam por Relações Públicas. A UFMG é uma universidade pública e, como tal, tem o dever de “devolver” à sociedade tudo aquilo que ela investe por meio de impostos e encargos. E o próprio Estatuto da UFMG diz que “a Universidade constitui-se veículo de desenvolvimento regional, nacional e internacional”.
É neste contexto que as atividades de extensão universitária estão inseridas. Elas têm por meta a interação da universidade com a sociedade, estabelecendo vínculos efetivos com movimentos, demandas e políticas dos diferentes setores sociais. As Relações Públicas, principalmente na UFMG, inserem-se nesse relacionamento com as demandas sociais da população. Três dos maiores programas de extensão da Universidade – Manuelzão, Pólos de Cidadania e Pólo de Integração da UFMG no Vale do Jequitinhonha – envolvem alunos desta área (ou já envolveram, em algum momento) em atividades de promoção socioambiental, inclusão social, emancipação de sujeitos e desenvolvimento regional.
Não faltam motivos para defender a permanência desta habilitação em nossa elenco de graduações. A UFMG é a única instituição pública de ensino superior de Minas Gerais a ofertar o diploma de Relações Públicas. Além disso, a área é reconhecida em várias instâncias de pesquisa e profissionais. Na Capes, por exemplo, as Relações Públicas se enquadram como subárea das Ciências Sociais Aplicadas. A área também tem espaço na Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom), no Núcleo de Pesquisa Relações Públicas e Comunicação Organizacional, além de estar diretamente relacionada aos Núcleos de Pesquisa (NPs) de Políticas e Estratégia de Comunicação e de Comunicação para a Cidadania.
Outra importante instância é a Associação Brasileira de Pesquisadores de Comunicação Organizacional e Relações Públicas (ABRAPCORP), presidida por Margarida Kunsch, expoente maior da pesquisa acadêmica em Relações Públicas e Comunicação Organizacional do país, e que foi fundada em maio de 2006, tendo como elaboradores do estatuto, dentre outros pesquisadores, os professores Maria do Carmo Reis e Márcio Simeone Henriques, da Fafich. A Associação busca promover o intercâmbio entre a academia e mercado e valorizar as atividades das duas áreas – Relações Públicas e Comunicação Organizacional – no ambiente acadêmico e profissional.
Os defensores da suspensão da habilitação propõem a criação de ênfases que norteariam o curso de Comunicação. Dessa forma, poderiam formar jornalistas ou publicitários que dominassem o campo das Relações Públicas, caso esta fosse uma das ênfases escolhidas pelo aluno. Todavia, é importante dizer que qualquer comunicólogo “com os conhecimentos específicos” que exerça a profissão de RP e que não seja diplomado está sujeito às sanções legais previstas no Decreto-Lei 3688/41, art. 47. Isso ocorre porque, dentre as quatro habilitações ofertadas pela Universidade (as outras são Publicidade e Propaganda, Jornalismo e Rádio e TV), Relações Públicas é a única regulamentada por Lei Federal e que conta com conselhos Federal e Regional.
Quanto aos argumentos apresentados no relatório da comissão citada anteriormente, acreditamos que a estrutura de um curso flexibilizado deve expandir possibilidades de experimentação dentro de cada área de formação/habilitação e não restringi-las. Se hoje a habilitação em RP é dependente das outras duas habilitações, por que não fortalecê-la em vez de suspendê- la? Por que não investir em professores e laboratórios?
São por esses motivos que nós, estudantes, nos posicionamos contra a suspensão desta habilitação. Requeremos junto às instâncias da UFMG a realização de debate que nos ajude a traçar diretrizes para a construção de um curso com a excelência característica da UFMG. Suprimir a habilitação de Relações Públicas é sinônimo de regressão. Precisamos expandir horizontes, abrir portas e crescer.
*Estudante do quinto período de Comunicação Social da Fafich

Nenhum comentário: